A Procura da Sabedoria
15:21:00
Via Google Imagens |
(Um tipo de parábola que eu mesma escrevi, decidi compartilhá-la com vocês)
Em um dia de agosto, em que o sol ofuscava-me com o brilho
refletido nas janelas, e o céu estava de um azul intenso quase de cegar, decidi
sair pelo mundo, colhendo tesouros e saberes.
Em minha primeira parada, numa vila próxima ao ponto de
partida, encontro um velho já de uns 75 anos perto de um poço, a retirar água.
Do seu lado, um menino que devia ter seus 10 anos a olhar o pobre velho.
Via o olhar triste dos dois, e porventura, deveria de
imediato ajudá-los, mas no entanto, continuei a observar.
O senhor, que mal conseguia ficar de pé, tremendo era o sol
e a força empregada em seu esforço, que após mais ou menos uma hora de luta,
conseguiu então terminar o que pretendia. Eu continuava olhando o garoto ali
parado sem se mexer ou dar alguma expressão de ajuda ao pobre senhor, e pensava
constantemente que tipo de menino ao ver o esforço daquele ancião, não
permitia-se ajudá-lo. Foi com a intenção da resolução de minhas perguntas que
me aproximei enfim do pobre velho e do menino que aparentava ser seu neto.
Cumprimentei-os, mas o menino não respondeu meu cumprimento,
o que deixou-me ainda mais zangado perante o fato, foi então que perguntei o
nome do idoso, ao qual me respondeu Zacarias, perguntei se queria ajuda para levar
a água até sua casa, e então ele me disse que aceitava minha ajuda mas de outra
forma.
Curioso, imaginei então no tipo de ajuda que o velho poderia
querer de mim. Por fim, indagou-me se poderia levar seu neto para casa. Olhei
para o garoto, ainda sem expressão, e perguntei ao senhor o motivo do pequeno
menino não poder ir sozinho a sua casa. Então o velho Zacarias me contou que
seu neto é cego, e recentemente, machucou uma de suas pernas, e é com grande
dor e dificuldade que se locomove. Ele conseguiu trazer o menino consigo, porém
ao levar a água não poderia ajudar o garoto a andar e teria que levar ou o
menino ou a água no primeiro momento.
Naquele instante senti o peso da culpa de um julgamento
precipitado.
Meio triste pela minha conduta ajudei de imediato a levar o
menino junto com o avô até sua casa, de fato, o julgar mortifica, trás ódio, e
diversos sentimentos ruins. Foi aí colhi minha primeira pedra de sabedoria: o cuidado
ao julgar, deve-se saber e conhecer.
Segui meu caminho e na segunda parada me abriguei em um
casebre para comer, porém lá dentro encontrei uma moça que parecia um tanto que
humilde, e me perguntou se eu tinha comida.
Querendo esconder a minha comida para depois, acabei por
dizer que não tinha, e me retirei para seguir o caminho e encontrar outro
abrigo.
Enquanto caminhava um bando me atacou e levou tudo que eu
tinha, inclusive minha comida. Continuando a andar encontrei um abrigo e refleti.
Se tivesse ficado no casebre e dividido minha refeição com a moça, de certo
teria menos comida, mas ainda teria ao menos algo para comer.
Foi aí colhi minha segunda pedra de sabedoria: quando se
divide se tem mais, do que quando se acumula tudo para si. Egoísmo, leva a
perda, seja material quanto imaterial.
Continuei meu caminho na manhã seguinte, com fome, cansado e
com medo. Foi então que pelo caminho, encontrei o ourives de minha cidade
natal. Ele parecendo surpreso em me ver, me perguntou um tanto que afoito, o
que eu fazia ali. Lhe disse minha estória, e ele após ouvi-la disse que
voltasse já para casa, pois de tanta preocupação, meus pais não estavam bem há semanas.
Com pressa e sem muito refletir, deixei minha caminhada pela
sabedoria e por tesouros, para ver como estavam meus pais.
Após longa caminhada de cerca de 7 dias, enfim cheguei em
casa. Porém ao chegar vi grande movimentação na porta. Meus pais haviam
falecido na noite anterior, me relatou a criada.
Imensa dor e pesar me sobreveio. Pensei em tudo que havia
aprendido fora de casa, mas nada daquilo pode substituir os ensinamentos que
meus pais sempre me deram.
Que burro fui ao pensar que poderia procurar sabedoria
maior.
Ali, ao lado de meus pais mortos, pude perceber que tinha os
maiores tesouros e a maior fonte de sabedoria que poderia querer, e essa foi a
maior descoberta que fiz desde o dia em que parti na minha jornada.
Terceira pedra de sabedoria: A maior fonte de sabedoria está
nos mais experientes ao seu redor, o maior tesouro é aquilo que não se pode ver, mas
sentir.
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