Carta à Morte
17:54:00
Deixarei meu futuro e o que ele me reserva.
Quando pensei na morte pensei na paz que ela poderia me
trazer, paz essa que esse mundo não me traz.
As pessoas se vão, ou simplesmente nos deixam para sempre.
Mudam as estações, os caminhos, os rostos e o olhar.
Tudo mudou.
Aquele caminhãozinho de brinquedo ao qual pilotava, bom ele
não existe mais, assim como aquele que se sentava no banco da árvore, aquela
que me recebia com suas novidades nos finais de semana, aquele que me dava
conselhos... Todos se foram.
A dor que se sente é tão grande que ela não cabe apenas no
coração, se espalha por todo o corpo, a vida me mostrou que as piores dores
provocadas são através de palavras e também pela falta delas.
Um dia eu desejei estar só, e então apareceram pessoas que
me completaram e eu não queria me separar delas, mas elas se separaram de mim.
Um dia eu acreditei no ser-humano como um ser que tinha
sentimentos e compaixão, que através de suas palavras transmitia a verdade e
que nessas palavras eu poderia acreditar.
Deixarei meu passado e meu presente.
As pessoas que me amam, bom talvez elas mereçam também um
tempo longe de mim.
Talvez a vida fique mais leve sem mim... Bom. Talvez.
Aqueles que me machucaram, e que ainda irão me machucar,
talvez eu me vá pra nunca mais voltar, para poder ficar em paz
A morte é relativa.
Para se morrer existem diversas maneiras, e nessas últimas
horas, eu morri diversas vezes. Eu chamei a morte, eu senti as dores da agonia.
Porque o mundo é feito de amor, mas as pessoas não sabem
como transmití-lo.
Os pássaros cantam, as flores desabrocham e as pessoas vão,
as pessoas ficam.
Pode ser que eu me vá. Hoje, amanhã ou depois.
Mas caro amigo, onde quer que você esteja, antes que essa
carta chegue a Dona Morte, lembre-se de mim.
Pode ser que depois seja tarde demais, eu já vou estar em
paz.
P.S: Talvez eu redija outra carta com nomes e tal, perto da corda ou da faca que me matará.
-Daiane C Silveira
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