Paris, 09 de março de 1900.
Se estás a ler, é porque não mais contigo estou. Com esta carta, venho comunicar-lhe minha despedida.
Pegarei o vapor para novas terras, e lá poderei desaparecer por completo.
Não hei mais de perturbar o andamento de tua vida.
A gripe que se alastra pela Europa, também me motiva a respirar novos ares. Esta, está a me consumir, e o único modo é afastar-me daqueles que me importo, pois não quero ser a causa da morte de meus entes queridos.
Pela manhã, preparei a bagagem, e nela coloquei meus pertences mais singelos, entre eles, o vestido do baile de debutante, o sapato que ganhei de minha irmã Sophie em meu décimo quarto aniversário, a caixinha de música presenteada por meus pais, que ainda toca divinamente Johann Strauss, e a carta que recebi de ti na semana passada.
Todavia tenha escrito o quão grande é teu sentimento, me pareces satisfeito com a minha partida.
Sei que a notícia chegou a teus ouvidos, mas nem sequer manifestou o desejo de estar ao meu lado.
Não, não te odeio, ao contrário, me alegro por não ter tomado a decisão prontamente. Refleti e essa foi a melhor escolha.
Esse ato de te anunciar minha partida foi unicamente para que soubesses que não irei retornar, com isso, poderás seguir teu rumo.
Espero que te alegres, tenha prosperidade e que nem tu, nem tua família se contamine com tal doença.
Sinceramente, espero que sejas feliz.
São os votos eternos de
Anice Joaquine Le Blanc
P.S. Não me procure, será melhor assim. Agradeço