O Sorriso do Poeta Morto

12:21:00



Imagem via: Google Imagens


Século XIX, e as luzes das velas tremulavam na mesa de madeira de Godofredo Austin.
Ele, poeta.
Mais do que isso, Godofredo era daqueles amantes exagerados , que ao rolar de uma só lágrima transcrevia os mais belos versos no papel.
Era também visto como vagabundo pela burguesia, vivia enclausurado com dores de amor em um quarto, escrevendo e se embriagando com bom vinho.
Era moço ainda. Pais burgueses e dinheiro.Mas era com poesia que se preocupava.
Haviam se passado meses do seu último desamor, já estava sorrindo novamente.
E nessa condição, Godofredo assistia ao pôr-do-sol, tal como Shakespeare escrevia  hipnotizadamente um texto. E assistindo a um pôr-do-sol em um recanto um tanto quanto afastado que Godofredo adormeceu e sonhou.
E nesse sonho vira a mulher mais bela de toda a corte. A mais doce e meiga criatura que ele havia visto.
Ela perguntou o nome do rapaz, ele sem jeito respondeu.
Ele também perguntou o nome da adorada moça, mas quando ela iria responder, Godofredo despertou, já louco de amores por ela.
Ao chegar em casa adormeceu em busca desse sonho mais que realista.
Transpirando de paixão, acordou de madrugada e começou a escrever um poema após o outro.

"Quem és tu bela senhora
que penetraste em meu olhar?
Que fez-me em uma lira sincera
expressar todo o etéreo
desejo de te amar"

A cada estrofe e a cada verso escrito, Godofredo lembrava-se da amada que possuía os mais belos olhos verdes já vistos.
Godofredo fechava os olhos para imaginar a bela moça, e por mais que tentasse não sonhava novamente com ela.
Até que pensou em retornar àquele recanto ver o pôr-do-sol.
Chegando lá, passou-se apenas alguns minutos e um sono arrebatador se instalou em Godofredo e ele pôs-se a dormir.
Dormindo, sonhou novamente com a menina, que já no início do sonho disse-se lhe chamar Maria Joaquina Monteiro.
Após beijos ardentes e juras de amor trocadas, Godofredo despertou, e risonho foi a sua casa.
Os pais do pobre rapaz acharam estranho todo aquele estardalhaço. Ele gritava que amava Maria Joaquina Monteiro, porém naquela província não existia moça cujo sobrenome fosse Monteiro, e cujo nome fosse Maria Joaquina.
Os dias se passavam em tempo chuvoso, dez dias de intensa chuva sem trégua.
Godofredo não dormia, não comia ou se banhava. A única coisa que fazia era escrever.
De aparência medonha, já causava burburinhos na vizinhança. Diziam estar louco.

"Como posso estar louco?
De louco nada tenho.
Se acaso amar é ser louco,
por ela sou o mais insano,
e deixei de ser humano,
sou seu adorador."

Até que passados quase um mês de chuva, vinho e poesia, Godofredo saiu trépido e bem desleixado foi ao local onde poderia ver sua amada.
Com a poesia perfeita em mãos, sentou-se e esperou o sono chegar.
Aos poucos foi adormecendo, e ela não mais voltou. Sonhos recorrentes? Talvez.
Ele ainda deitado observava as estrelas, quando chegou uma mulher morena, de olhos verdes e cabelos negros, tal como Maria Joaquina.
Com um punhal pediu tudo que havia nos bolsos de Godofredo.
Em estado de choque, ele entregou.
Porém, Godofredo via Maria Joaquina naquela ladra a sua frente. E foi nisso que sem pensar duas vezes, a beijou, com todo o êxtase que havia guardado.
A bela ladra sacou o punhal e perfurou centena de vezes o corpo do homem, que mesmo com a dor dilacerante persistia no beijo, até que sem forças sorrindo ele caiu.

"És tu espécie de sonho?
Ou talvez venha me assombrar.
Mas com isso me assombro,
com meu rosto pálido de espanto,
vejo essa vontade de te amar.

Se és verdade ou mentira
somente tu pode provar.
Porém com ou sem prova,
meu amor sempre seu será.

Somente deixa-me um beijo
para de ti poder lembrar
para enfim poder sentir.
Pois então nessa lira de amor
um poeta morto poderá sorrir
e um novo canto de amor entoar"



-Daiane C Silveira



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4 comentários

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