Lola no jardim |
Uma ninhada de 5.
A cachorrinha que era mais do bairro do que de uma só pessoa, teve 5 cachorrinhos na cerca entre a minha casa e a do vizinho.
Era janeiro de 2007.
As chuvas de verão costumavam castigar as tardes, o dia era nublado, e a chuva caiu pesada. Eu tive pena dos pobres filhotes que estavam abrigados apenas por uma pequena árvore que não os protegeria o suficiente.
Decidida corri e trouxe filhote por filhote, mas destes apenas um eu não consegui trazer na hora que a chuva apertou, e eu podia ouvir o choro, mas tive medo de ir até lá.
Passou a chuva e então fui atrás do pequeno cãozinho.
Era preto e amarelo, com as orelhinhas caídas e o focinho curto.
Ufa, estava são e salvo.
Os dias se passaram, e os pequenos filhotes continuaram no abrigo atrás de casa, eu queria ficar com um cãozinho preto e branco, o único diferente da ninhada.
Aos poucos um a um foram ficando doentes, com feridas e eu cuidei de todos, mas dia a dia um morria.
Sobrou apenas um.
Uma.
O filhote que ficou sem abrigo no dia da chuva, o filhote que eu resgatei depois de todos, foi o único que sobreviveu.
Era fêmea, dei a ela o nome de Lola.
Não fui a melhor das donas.
Por vezes a assustava e ela corria de encontro com a mãe, afinal, eu queria aquele outro cãozinho que morreu, mas com o passar do tempo, fui entendendo melhor que era ela que deveria estar comigo.
O tempo foi passando, ela foi ficando casa vez mais forte, e em todos os lugares ela queria estar próxima de nós, principalmente de minha mãe, que era a humana que ela mais gostava.
Ela sabia quando minha mãe iria passear, ou no centro da cidade, então ela só ia aos passeios, e dependendo do lugar ela não se mexia e ficava dormindo em casa.
Isso se tornou costume. Todos conheciam a Lola.
Foi um convívio de 11 anos.
Nos últimos meses, ela ficava estressada quando tinha que se separar de nós, nas últimas semanas, contraiu uma doença que deixou ela com dificuldade para comer, e ela já não sorria.
Então no dia 29 de março, como algo corriqueiro dos últimos dias em que ela estava doente, dei soro com leite, a enrolei em um cobertor, e disse como todos os dias de manhã "Tchau Lola".
Quando cheguei no final da tarde, ela já não estava mais ali.
A sobrevivente cansou de sobreviver, e descansou. Acabou que de toda a ninhada, era ela que tinha de estar aqui por todos esses anos.
Teve abrigo da chuva para sempre com a gente.
-Daiane C Silveira