Céu com nuvens - Imagem via Tumblr |
"Hoje está parecendo um dia de agosto.
Não, não, não...
Talvez se pareça mais com um dia de julho, quando a sensação é de frescor, os ventos são um pouco mais fortes e o céu extremamente azul sem nuvens.
Eu sinto saudades de algo que não sei exatamente o que é.
São apenas 06h30, mas está parecendo mais tarde, talvez 08h00, e isso me deixa com a sensação que perdi o horário esta manhã."
Eu tinha escrito isso no OneNote do meu smartphone com a intenção de criar uma postagem no blog. Escrevi esse pequeno trecho no dia 05 de outubro, eis que se passaram alguns dias, e acabei não dando sequência. E me desculpem por uma imagem que não condiz com a descrição do primeiro parágrafo (achei essa imagem bonita, e minha galeria anda meio sem fotos coloridas).
Bem, ao começar essa postagem, quase que escrevi sobre meu fascínio atual por músicas e coisas dos anos 80. Também poderia escrever sobre alguma série que estou assistindo, ou minha nova paixão pelo livro de Rainbow Rowell, mas as coisas estão mais profundas essa tarde, e escrever sobre isso no momento não expressaria essa profundidade.
É sábado.
E nos sábados costumo ter tempo para refletir. Seja no ônibus, ou pelo caminho de ida e volta do cursinho de inglês... Seja por conversas com meu professor... Seja por algo que vi pelo caminho.
Vamos começar pelo clima?
Sim... Me desculpe Deus por reclamar mas... O Senhor sabe que não curto muito o calor, e... Ok, acho melhor parar por aqui, vai que piora né?
Na realidade estávamos hoje estudando sobre o might, é tipo um futuro em inglês, mas em coisas com possibilidade de acontecer (sou péssima em explicar coisas), o ponto é, estávamos falando de futuro e meu professor me perguntou como eu me via daqui 20 anos. Foi uma pergunta surpreendente, porque eu nunca tinha pensado nisso até aquele momento, então eu pensei na casa de madeira que acabei encontrando na internet por acaso, uma casa pequena, de madeira escura, com dois andares, e no andar de cima uma sacada que é algo em uma casa que sempre quis ter. Uma casa com um gramado, um jardim com algumas flores, um gato, meus livros, uma vista para a natureza...
Não foi exatamente isso que respondi naquele momento, mas foi isso que pensei depois.
E analisando minha resposta hoje, percebo que sou bem menos ambiciosa que a Daiane de 10 anos atrás, mas que está bem mais feliz com coisas que são possíveis, e que são palpáveis, coisas planejadas.
Voltando ao primeiro parágrafo desse texto, à citação. As vezes sinto essa nostalgia me envolver (na realidade muitas vezes) quase um deja-vu, e percebo o quanto é bom resgatar coisas do passado, não viver inteiramente nele, mas resgatar uma essência, algo que possa nos conectar com quem somos de verdade.
Eu vi tantos sonhos fugirem de minhas mãos que aprendi a não me agarrar a eles como se eles fossem o único caminho de chegada. Aprendi a usar atalhos e outras rotas. Eu ainda sou eu mesma, porém com um toque de realidade, de paciência... Um ser mais maduro.
Quando eu penso na Daiane 20 anos no futuro, eu me penso da maneira que eu descrevi, mas talvez (e quase sempre), as coisas saem diferentes do que planejamos, e isso não quer dizer que deu errado. Acredito muito que devemos passar por coisas e conhecer pessoas...
Acredito que não peguei trilhas falsas e caminhos errados. Os atalhos que encontrei, os caminhos diferentes que trilhei não me levaram a lugares ruins, pelo contrário.
Acabei passando por lugares difíceis de andar, mas nem por isso menos prazerosos. Coisas estão acontecendo aos poucos, tenho de admitir.
Me peguei pensando também nas minhas inúmeras conquistas.
Não fui para Harvard, ou consegui um intercâmbio (ainda). Não tenho o carro do ano, ou fiz viagens para a Ásia. Mas cara consegui tanta coisa, e apesar do que não consegui, ainda consigo dançar com playlist dos anos 80 no Spotify.
Meu caminho tem sido cheio de subidas, com pedras, as vezes com lama, sem sombra (estou falando literalmente também), mas tenho o brinde de uma boa vista, e com frequência me lembro de admirá-la.
-Daiane C Silveira