Gavião a voar - Foto @caleidoscopic4 |
Ser livre é possível através dos sonhos, sejam eles conscientes ou inconcientes. É através deles que as coisas acontecem, ou não.
Eu sempre consegui ser livre para sonhar, aquela liberdade do tipo "Agora eu era heroi, e meu cavalo só falava inglês...". Posso estar devagando, até porque são exatemente 18 horas de um dia totalmente exaustivo e eu já estou pensando em tomar um banho e dormir, mas precisava escrever o sonho que sonhei na noite anterior, antes que eu o esquecesse, porque preciso um dia, lá no futuro, me lembrar desse sonho, e poder me libertar através dele, viajar talvez.
Sonhei com meu avô, que faleceu há alguns anos.
Desde sua morte, apenas havia sonhado com ele uma única vez, meses depois do acontecido, mas não via seu rosto.
No sonho de ontem ele estava em um hospital, em uma cama sem poder andar ou falar. Vi uma enfermeira que conheço andando perto dele. Ao me aproximar, ele começou a caminhar e falou comigo (não me recordo o que ele disse). Me lembro apenas de ter perguntado a ele se ele queria voltar para casa, que eu cuidaria dele (eu tinha a mesma idade que tenho agora no sonho, meu avô morreu quando tinha 13 anos). Bem, ele sorria. Aquele sorriso de felicidade que só ele tinha. O rosto era o mesmo de quando tinha seus 75, 80 anos, barba por fazer, rugas nos olhos e calvo, era meu avô, aquele mesmo avô e aquele mesmo sorriso.
Ao perguntar se ele iria voltar comigo para casa, ele moveu a cabeça em negativo e disse que estava feliz lá. E sorria confirmando isso.
Após acordar, pensei o dia todo nele, e em quanto realmente esse mundo não acomodaria o amor que ele emitia e exalava por todos os poros.
Meu avô era o tipo de homem que era justo, e carinhoso com todos os netos. O mundo anda ruim demais, claro que ele não gostaria de voltar (mesmo que pudesse).
Foi tão confortante, e fiquei emocionada ao extremo em saber que ele está bem, em algum lugar. E esse sonho me libertou das amarras que me prendiam a saudade que sinto dele.
A liberdade de sonhar e sentir que foi de verdade.
-Daiane C Silveira